Considerada a Santa Padroeira dos pedestres e ciclistas da cidade de Nova York, a ex-comissária de transporte Janette Sadik-Khan, oferece uma visão pós-pandêmica e diz que os Nova Iorquinos devem aproveitar a oportunidade para uma cidade mais livre de engarrafamentos.
De acordo com ela, esta é
“uma chance única em uma geração de reimaginar nossas ruas e o que é realmente possível”.
Janette foi representante de transporte da cidade por seis anos sob o comando do prefeito Mike Bloomberg. Neste período ela desviou mais tráfego, liberou mais ciclovias, colocou mais faixas de ônibus e reorganizou mais praças públicas do que qualquer um na história da vida urbana americana. Ela criou o que se tornou o Citi Bike e mudou fundamentalmente o fluxo humano e veicular pela Times Square e Herald Square.
Ela conta que quando eles iam tirar uma vaga ou duas de estacionamento das vias para dedicar à circulação de pedestres ou ciclistas, era como se eles estivessem raptando o filho de alguém. E agora, eles contam com 9.100 espaços que eles chamam de licenças para refeições. Ou seja, espaços onde os comerciantes podem colocar mesas, cadeiras, sombrinhas para que as pessoas possam fazer refeições ao ar livre.
O foco principal deste conceito de ruas com menos automóveis é simplesmente buscar o uso alternativo reduzindo o monopólio que atualmente os carros tem. É simples, porém, quando a gente pensa na nossa realidade aqui no Brasil, parece que estamos há anos luz de um pensamento como este das nossa sociedade, mas, principalmente das nossas autoridades.
Todo mundo que viaja para a Europa acha lindo andar de metrô, ônibus ou bicicleta, mas aqui, isso é sinônimo de “pobreza”. Carro ainda é visto como status e, acredito que demoremos muito ainda para uma visão mais ampla desse tema.
Janette faz uma análise interessante que vale a pena trazer aqui. De acordo com ela “Não podemos ter 8,3 milhões de pessoas dirigindo por toda parte”. Nunca haverá estacionamento ou concreto suficiente. Não há cidade suficiente para todos dirigirem”. E, de fato, este não é um futuro economicamente sustentável.
E quais são as opções?
• Criar mais passagens exclusivas para pedestres;
• Criar ciclovias mais protegidas;
• Criar rotas de ônibus exclusivas;
• Transformar mais áreas urbanas em praças e parques.
Incomoda ler isso para quem é do tipo que usa o carro para ir na padaria na rua da sua casa não é? Eu sei. Mas já parou para pensar o que fez historicamente o espaço de quem tem carro ser infinitamente maior nas cidades do que o espaço dos pedestres e ciclistas? O fato de pagarmos IPVA? Seria apenas este o motivo? Não é tão simples assim.
“Há muito mais que podemos fazer para redirecionar as 10.000 km de ruas da cidade de Nova York para fazê-las funcionar melhor, mesmo que demore muito tempo para que as pessoas se sintam seguras ao andar como costumavam”, disse ela.
Boa parte dessas mudanças propostas para a melhoria da circulação das pessoas não é tão cara. Mas exige esforço e vontade política e dizer não a alguns carros, ou melhor. Dizer não a uma “elite” que quer ser dono de todos os espaços.
E agora durante a pandemia?
O número de ônibus e metrô vai demorar a retornar ao normal. Mas para Janette , isso não significa que os nova-iorquinos precisam se esconder em seus carros ou dentro de casa. “As pessoas podem caminhar e se distanciar socialmente ao mesmo tempo”, disse ela. O espaço de fora de casa foi construído para isso. “As ruas são os primeiros lugares para reabrir. As pessoas têm muita vontade de voltar ao normal, pelo menos um novo normal. E isso significa estar fora de casa.
“As cidades se recuperaram de todos os tipos de adversidades. Londres após a Segunda Guerra Mundial, Nova York após o 11 de setembro. As cidades voltam melhor do que nunca. As pessoas ainda estão assustadas agora, mas as cidades sempre foram mais resistentes do que muitas pessoas esperam”. O coronavírus é apenas o último desafio.
Fonte: https://www.marketwatch.com/
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